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Origem de Cristóvão Colombo: as teorias e os limites da ciência

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A origem de Cristóvão Colombo é um dos maiores mistérios históricos, com inúmeras teorias conflitantes sobre onde de fato ele nasceu e qual era sua verdadeira identidade. Embora seja amplamente reconhecido como o navegador que “descobriu” o Novo Mundo em 1492, sua vida anterior ao serviço dos Reis Católicos da Espanha é envolta em incertezas. A falta de documentos irrefutáveis sobre sua origem, bem como seu próprio comportamento ao longo da vida, alimentaram especulações relacionadas à sua ascendência.

Durante séculos, pesquisadores têm debatido a veracidade de diferentes teorias sobre o seu nascimento, com algumas propondo que ele tenha vindo de Gênova, enquanto outras levantam a possibilidade de origens sefarditas, de ser um filho bastardo ou de ser um espião.

Nos últimos anos, a genealogia genética emergiu como uma ferramenta moderna promissora que busca colaborar na descoberta da ancestralidade. Essa abordagem ajudou a resolver algumas dúvidas sobre a origem de Colombo, conforme ilustrado no recente documentário televisivo chamado “Colón ADN – su verdadero origen”. Entretanto, como veremos, essa ciência, embora promissora, enfrenta desafios específicos ao investigar figuras históricas, especialmente em um contexto em que a escassez de provas documentais e a limitação de acesso aos restos mortais dificultam as investigações.

1. Colombo, o genovês: a teoria tradicional

Entre as inúmeras teorias sobre a origem de Colombo, a mais amplamente aceita entre os estudiosos é a que afirma que ele nasceu em Gênova, em 1451, sendo filho do tecelão genovês Domenico Colombo e de sua esposa Susanna Fontanarossa.

Documentos mencionando “Cristoforo Colombo” coincidem com o período de atividade do navegador, incluindo um possível testamento cuja veracidade alguns investigadores contestam, no qual ele faz referência à sua cidade natal, Gênova.

Por muito tempo, essa versão da origem de Colombo foi considerada praticamente incontestável, especialmente devido à existência de documentos sólidos. No entanto, há alguns pontos fracos nessa teoria. Primeiro, críticos sugerem que os registros genovêses podem ter sido manipulados posteriormente para fins políticos, com a intenção de associar o grande explorador à Itália. Além disso, a existência de figuras com o nome “Colombo” na região era relativamente comum na época, o que levanta dúvidas sobre a verdadeira identidade do navegador.

Os defensores da teoria genovesa insistem que a quantidade de documentos é suficiente para provar essa origem, mas críticos apontam que a ausência de provas definitivas abre espaço para a exploração de outras hipóteses. De qualquer forma, no momento, essa é a aceita mundialmente como a mais confiável, até que se encontrem provas incontestáveis sobre sua origem.

2. Colombo, o português

Existem mais de 20 teorias relacionadas à origem de Colombo, além da tradicional genovesa. Sendo que algumas indicam que ele havia nascido em Portugal.

Uma das vertentes sustenta que ele seria, na verdade, o corsário e nobre português Pedro de Ataide, enquanto outra linha de investigação acredita que ele poderia ser um filho bastardo da princesa Leonor de Aviz e do beato Amadeu da Silva.

3. Colombo, o galego

Entre as teorias que mais têm apoiadores, sustenta-se que Cristóvão Colombo nasceu na Galicia. Estudam-se duas vertentes: uma relacionada à família Sotomayor e outra originária de Poio.

A primeira avalia que tratava-se de Pedro Álvarez de Sotomayor, também conhecido como Pedro Madruga, um nobre que, misteriosamente, desapareceu no mesmo dia em que se reuniu com os Reis Católicos.

Enquanto a segunda corrente aborda que Colombo vem de Poio, em Pontevedra. Naquela época, o local possuía uma grande quantidade de pessoas com o sobrenome “Colón”. No século XV, existiam “Colombo” e “Colom”, entretanto, Poio abrigava inúmeros “Colón”, exatamente como assinava o navegante.

Outro detalhe importante que elevaria as probabilidades da teoria é que, na mesma localidade, havia uma mulher chamada Susana Fonte Rosa, praticamente o mesmo nome da mãe de Colombo, que seria Susanna Fontanarrosa. Além disso, ela era judia.

4. Colombo, o maiorquino

Conforme a teoria maiorquina, Cristóvão Colombo teria nascido em Mallorca por volta de 1460, sendo filho natural do príncipe de Viana com a maiorquina Margarita Colón, o que o tornaria sobrinho do Rei Católico, conferindo-lhe um “fácil acesso” à corte.

5. Colombo, o agote

Outra teoria baseia-se nas enfermidades que Colombo aparentava sofrer, sugerindo que ele poderia ter a síndrome de Reiter crônica, dado que apresentava sintomas como ardor ao urinar, uretrite e derrame ocular, além do fato de que ele e seus irmãos teriam mãos em forma de garra.

Teoria judaica sefardita: legado oculto

A teoria judaica sefardita é uma das mais polêmicas e fascinantes. Essa hipótese sugere que Colombo poderia ter raízes em uma família judaica que se converteu ao cristianismo. Defensores dessa teoria apontam para o contexto da expulsão dos judeus da Espanha em 1492, o mesmo ano em que Colombo fez sua famosa viagem.

Colombo, um ávido estudioso das Escrituras Sagradas, frequentemente refletia sobre os textos bíblicos, mas curiosamente evitava mencionar diretamente o nome de Jesus Cristo. Em vez disso, referia-se ao “Senhor” e, em suas exclamações e escritos, recorria a nomes emblemáticos do Antigo Testamento, como Israel, Davi, Jerusalém, Judá e o “Rei de Israel”.

Outras hipóteses

Cristóvão Colombo, ao longo dos séculos, tornou-se um verdadeiro “homem de mil caras”, com uma multiplicidade de teorias envolvendo sua cidade natal. As especulações sobre suas origens são tão variadas quanto intrigantes.

Na Espanha, muitos estudos ainda defendem que ele poderia ter nascido em cidades como Sevilha, Guadalajara ou em alguma localidade da Catalunha. No entanto, a discussão vai além das fronteiras espanholas, com alguns estudiosos sugerindo que Colombo poderia ser grego, inglês, corso, norueguês ou croata.

E não para por aí, algumas hipóteses ainda mais audaciosas emergiram, como a crença de que ele teria sido um português nascido em Cuba e que atuou como agente secreto de Dom João II.

Resultados dos testes genéticos

Nos últimos anos, investigadores têm analisado o DNA de ossadas que supostamente pertencem a Cristóvão Colombo, seu filho Fernando e o que se esperava ser seu irmão, Diego. Embora a quantidade de ossos atribuídos a Colombo não seja suficiente para conclusões definitivas, o material genético parcial sugere que ele é pai de Fernando, mas não irmão de Diego, e sim um primo de segundo ou terceiro grau.

Os resultados descartaram inúmeras hipóteses com personagens importantes e ainda revelaram que seu DNA tem rasgos compatíveis com origem judaica, demonstrando que o navegador seria descendente de sefarditas. Isso até pode ser verdade, primeiro porque há possíveis indícios em sua forma de escrever e, outra, porque no passado havia inúmeras pessoas de origem sefardita nas áreas que compreendem entre Portugal e a atual Itália.

Mas isso não significa diretamente que Colombo era um criptojudeu ou um converso, porque o DNA não mostra a religião de uma pessoa. Além disso, os resultados tampouco descartam a possibilidade de ser genovês, mesmo o povo judeu tendo sido expulso de Gênova no século XII. E não podemos limitar sua origem apenas ao levante espanhol, pois inúmeras famílias sefarditas também estavam presentes em outras localidades.

O que a comunidade científica aguarda ansiosamente é a divulgação dos dados analisados no documentário, com expectativas de que informações completas e detalhadas desse estudo sejam disponibilizadas em novembro pela Universidade de Granada. A menos que os testes revelem detalhes mais específicos sobre o seu DNA, não podemos afirmar onde de fato ele nasceu.

Importância de provas documentais

Embora a genealogia genética ofereça uma nova abordagem promissora, ainda não há uma resposta definitiva sobre a origem de Cristóvão Colombo. As várias teorias – seja ele genovês, catalão, português ou judeu sefardita – todas possuem falhas e incertezas, e as investigações recentes ainda não forneceram provas conclusivas. A pesquisa histórica e documental continua sendo fundamental, mas os avanços na genética poderão um dia trazer novas luzes sobre este mistério.

Um comentário a “Origem de Cristóvão Colombo: as teorias e os limites da ciência”

  1. Avatar de Manuel
    Manuel

    ¡Excelente artículo! No conocía todas las teorías sobre el origen de Colón, algunas son muy interesantes. Aunque entre todas, la teoría gallega sigue siendo, para mí, la más convincente.

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